Páginas

domingo, 6 de abril de 2008

Crianças divergentes porém contentes





Olá!


Primeiramente, quero avisar que a minha mente sã está de volta. Talvez o blog tenha me ajudado a descarregar meu mau humor, misturado com minhas revoltas momentâneas e o resultado foram esses últimos posts.


Enfim, como já é de praxe, misturado com meus posts criticando a sociedade, eu tenho que ter posts nostálgicos. E pra não sair dessa linha que vem dando certo, por que não voltar ao passado, na época que eu era criança, criança mesmo, sem meus paqueras que gostavam de outras meninas? Voltar à época em que nenhum primo era universitário ainda e a nossa preocupação era apenas brincar.


Alguns já devem saber que eu tenho duas primas da mesma idade que eu. Acredito que pela afinidade desde a barriga, decidimos nascer uma atrás da outra, uma em outubro, outra em novembro e a última em dezembro. A outra opção é que as nossas mães combinaram, não sei. Desde pequenas fazíamos tudo juntas, mas vou separar a minha relação com as duas aqui pra facilitar.

A prima que nasceu em outubro, sempre morou na cidade e estudou no mesmo colégio que eu, fator este que me deixaria bem mais próxima dela, né? Errado. Mesmo a diferença sendo mínima entre a gente, quase uma semana, acho que por ela ser mais velha, ela cresceu muito mais rápido que eu e subiu na cabeça dela um certo ar de autoritarismo, semelhante ao de um ditador. Maran Russein, esse era o seu apelido.

(Pausa para visualizar uma cena do nosso colégio: O toque de saída era às 5h. Todas as crianças se dirigiam para o pátio e, no máximo, podiam ficar até uma grade que separava a área interna com a área de estacionamento. Durante meia hora, revezava duas coordenadoras na área com microfone, para chamar os nomes das crianças que os pais estavam esperando. Às 5:30, as coordenadoras Iulvanda ou Luzinete - detalhe para os nomes - dizia no microfone "O portão de trás vai fechar, todas as crianças façam uma fila para ir para o portão da frente". Pra uma criança que adorasse brincar e correr, essa meia hora de brincadeira era ótima, mas pra mim não, era um pânico, eu tinha vontade de chorar todos os dias. Assim que tocava, eu corria para a quina da grade, única brecha que proporcionava visão para o portão e, ficava lá olhando fixamente para o portão esperando mainha chegar. Maran Russein ia de ônibus nessa época, sempre quem ia de ônibus eram os primeiros a irem embora, então ela passava por mim com um olhar de pena e dava um tchauzinho. Ela nunca entendeu o porque de eu não ir aproveitar pra brincar, já que era isso o que ela mais queria. 1º: O fato é que eu não podia brincar, porque se eu fosse brincar, mainha quando chegasse não ia me encontrar; 2º: Eu não ia ouvir o microfone; 3º: Eu sempre tive esperanças que mainha chegasse cedo pra me buscar - nessa época ela trabalhava até às 5h e painho também - mas não tinha jeito, eu sempre ia pro "portão dos esquecidos". Lá era escuro, tinha só um porteiro com apelido de Pissit e as alunas da noite começavam a chegar.)

Voltando, Maran passava por mim no colégio, com uma legião de fãs (geralmente raquíticas como eu), segurando uma bola de baleado, como líder do grupo, provavelmente indo determinar o território onde elas iriam jogar e NÃO FALAVA COMIGO. A gente era prima nas reuniões familiares e nas férias, no colégio, ela estudava numa turma e eu em outra. É aquela velha história, "amigos amigos, negócios à parte".


A prima que nasceu em dezembro, não morava aqui e, mesmo sendo mais nova, era uma série adiantada. Ela vinha sempre nas férias do final do ano e nas férias do meio do ano, a gente ia pra lá. Era manhooosa, conseguia ser mais que eu. Por isso os pais dela sempre a chamavam carinhosamente de Lóólinha.

(Mais uma cena: Eu morava numa casa, que havia sido do meu tio. A casa vizinha era da minha avó, o que proporcionou a abertura do muro atrás da casa, que dava livre acesso às duas casas. Minha tia quando vinha de viagem, ficava na casa da minha avó e eu e Lóólinha passávamos o dia brincando, quando era de noite, na hora de dormir, queríamos sempre dormir juntas. Aí começava o pesadelo. Num belo dia, aliás, numa bela noite, esta minha prima estava dormindo lá em casa e, milagrosamente, viu o E.T. do filme. Desde então virou um pesadelo essa menina lá em casa, chorava porque queria dormir lá, mas minha tia não ia dormir com ela, então ela chorava pra minha tia dormir lá também - atentem para o fato de que minha tia estava apenas na casa vizinha - então mainha a convencia a dormir na cama dos meus pais, mas ela chorava porque tinha que tomar o gagau e eu não podia ver pra não achar que ela ainda era bebê, então ela finalmente dormia depois do gagau. Enfim silêncio na casa...

Até as próximas 2h, quando ela acordava mais uma vez e chorava pra ir dormir com minha tia na casa vizinha. Aí definitivamente ela ia. Enquanto acontecia tudo isso na minha casa, eu já estava dormindo há séculos no meu quartinho e, quando acordava, eu sempre achava que ela tinha levantado primeiro que eu e já tinha ido pra casa da minha avó.)


O fato é que quando era nesses períodos de férias, nós éramos inseparáveis. Tomávamos banho juntas, nos vestíamos do mesmo jeito, ou pelo menos eu e a mais nova, porque ela sempre me imitava. As divergências apareciam quando eu queria brincar de boneca e Maran Russein queria desenhar, mas aí eu negociava o boneco do Príncipe mais bonito pra ela e deixava o que sobrava se apaixonar por ela também, mas tudo pra eu ter o prazer de brincar de boneca.

Fora os banhos de chuveiro embaixo do prédio da minha avó, a carreira que levamos dos pivetes em Caicó, o menino que "passou a mão na minha bunda", as brigas de quem seria amassada no Scrambler, dormir nos colchões mais finos e nos buracos das emendas de dois colchões, ir pra o shopping durante todos os dias das nossas férias pq Lóólinha queria, enfim, tantas coisas que fizeram nossa infância tão especial.


Hoje não temos mais os mesmos interesses, nem o mesmo tempo livre, mas ainda nos divertimos quando estamos as três juntas.

Dizem que amigos são a família que escolhemos, mas eu acredito que a família somos nós que escolhemos também, ou pelo menos alguém enxerga afinidades na gente, antes mesmo de nascermos. Nascemos juntos para aprendermos com as diferenças e crescermos com as afinidades, nunca passando por cima do outro. Família se apóia, família se ama. Se eu estiver errada, então escolheram perfeitamente as pessoas que precisávamos em nossas vidas.




6 comentários:

Unknown disse...

q coisa mais tchuriri!!
=P

Filipe da Nóbrega Longo disse...

Tá sempre emocionante ler os teus posts. Eu acho que tu sabe que eu me identifiquei com muita coisa do que tu escreveu, porque eu também passei boa parte da minha infância com os meus primos. Aqui em casa o percurso foi diferente. Os primeiros que se distanciaram foi porque casaram. Aí os mais novos se aproximavam. E depois casavam também. Até que sobravam poucos e que iam ficando mais velhos também e mudando seus interesses. Tive que arranjar outros primos nos meus amigos, mas não vivemos as mesmas coisas juntas, nem eu estava mais na infância promissora. Os amigos, com o tempo, mudavam de interesse e arranjavam novos amigos e eu ia ficando sem primos e sem amigos.

O jeito que teve foi arranjar uma namorada!

=*****

Unknown disse...

Sarinhaaaaa... aqui quem fala é Lóoooolinha!!!! Com ctz vc descreveu perfeitamente nossa infancia... e o ET realmente até hj me assombra! Adorei a sua historinha p relembrar os velhos tempos.... e felizmente sempre que nos encontramos mesmo sendo sempre encontros apressados nos divertimos como antes!!! bjinhs

Unknown disse...

pois é! eu te considero muito, viu?! um das minhas melhores amigas, quase um irma assim longe...que entende meus momentos de fraqueza, e que nem me chama de idota por causa disso..., que ate me da conselhos, na esperança que me ajudem a "ser alguem melhor :)".
te amo saritxaaaa
alana

Unknown disse...

Que lindo, lembrei da minha infância tb!!!
Dá uma saudade qnd a gente recorda, naquele tempo tudo era tão bom!!!

Lembro, dentre outras coisas, das brigas que eu pegava com Lílian por causa dos papéis de carta que a gente colecionava, kkkkkkkkkkk.

E esse apelido? Maran Russein? Bem a cara de Marina mesmo, adorei, hauahauahaua!
Ela precisa ver esse post :D

Unknown disse...

kkkkkkkkk... ai como eu tenho saudades!!!Ai como era bom...!A gente realmente se divertiu muito!
Os nossos filhos serão amigos assim... com certeza!!!

Um bjão sarota, shirley (garota que só tinha joelho, uma mochila retangular maior que ela, um cabelo duro e cheirando a cloro, sem falar na sandália preta que chegava na frente dela e que todoooo sábado estava no shopping!kkkkkkkk Eu tinha que contar uns podres seus né?)