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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Em favor da vida

“Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar aquelas que posso e sabedoria para distinguir umas das outras”.

É pedindo serenidade que começo a discorrer acerca do polêmico assunto discutido no Brasil atualmente. Longe de mim querer convencer alguém a pensar da mesma maneira que eu ou julgar aqueles que pensam de maneira diferente. Apenas não me contento em manter-me calada, sem qualquer posicionamento, ou alheia às discussões sociais que direcionam a sociedade em que vivo. Apesar de muitos alegarem que a descriminalização do aborto dos anencéfalos não gera a obrigatoriedade do ato e por isso não mereceria as manifestações em favor da vida, não há como um assunto ser abordado sem as implicações do outro, justamente porque tal mudança de pensamento e posicionamento político, acarretará consequências em toda a ética de uma sociedade. E, para aqueles que, como eu, se posicionam contra o aborto, não há melhor momento para defenderem seu posicionamento como este que estamos vivendo agora. Também não posso deixar de lado meu posicionamento respaldado na religião, porque religião e ciência, espírito e matéria, andam sempre de mãos dadas desde sempre e eternamente se completarão. Não há como admitir a existência de apenas um, se até onde se encontra o limite de um, começa o outro. Mas não me contento em apenas admitir o argumento religioso para defender meu posicionamento contrário ao aborto deste e de qualquer outro caso, até mesmo os permitidos pela nossa legislação, utilizo-me de pontos políticos, sociais e éticos para embasar minha defesa.
Para dispor de meus argumentos, façamos um comparativo simples: nossa sociedade brasileira, pode ser considerada como filhos e o nosso governo, como o nosso pai. Somos todos irmãos, porém mesmo sendo criados pelo mesmo pai, assim como em qualquer família, existem as diferenças de uns para outros. Uns aprendem mais fácil, não têm dificuldade de escutar e apreender os conhecimentos ditados pelo pai. Outros necessitam de maior atenção, mais paciência e dedicação para melhor compreender as coisas. Ainda outros, possuem tendências negativas e se voltam para o mal. Já alguns outros são bons e caridosos. Numa família tão distinta, poderia esse pai deixar que os filhos agissem de acordo com suas tendências e deixariam suas escolhas a cargo do seu livre-arbítrio ou instruiria seus filhos sobre o que é certo e o que é errado e que, apesar da escolha ser sempre individual, há sempre consequências nos nossos atos? Não deveria o pai, instruir, orientar, explicar e, se necessário, punir seus filhos quando estes agirem de maneira egoísta ou a ponto de prejudicar seus irmãos? Se os que tendem para o mal, agirem por suas próprias consciências, não estaria o pai pondo em risco aqueles que são inocentes e indefesos? Faz parte da educação familiar ensinar que se um irmão possui direitos, o outro também os possui e um pai que se prese, jamais se posiciona em favor de um em detrimento do outro. Ele ama e quer que todos sejam bons e vivam em harmonia.
Assim, o Estado deveria agir. O anarquismo não deu certo, porque uma sociedade não vive sem regras, sem ética, sem direcionamento, sem orientação. Se uns já possuem o discernimento para o certo, outros ainda se encontram em atraso, outros ainda precisam ser orientados; aprender com os seus erros, com seus limites, a respeitar o próximo. Se vivemos todos em sociedade, o Estado deve representar a todos, os bons e maus, os independentes e os indefesos, com todas as suas diferenças, direcionando-os para o bem estar geral. Dessa forma, explicito meu argumento social, ético e político, porque a adoção de uma política liberal que deixa a cargo de cada um decidir sobre a vida, gera impactos sociais, principalmente naqueles que mais necessitam de orientação, de apoio, de compreensão e acompanhamento, como essas mães que carregarão seus filhos no ventre por um breve tempo. Ao invés de oferecer o apoio que elas precisam, o Estado dá ouvidos ao desespero e à dor e oferecem a opção de encerrar o sofrimento. Se alguém próximo a você estivesse prestes a cometer um suicídio, será que apresentaria a ele a opção de cometer o suicídio ou, do contrário, faria o possível para apoiá-lo em meio ao seu sofrimento e ofereceria melhores opções? Como fazer, no futuro próximo, que essas mães aprendam a respeitar a vida? Fazer com que aprendam que há mais ignorância do que respostas para os acontecimentos da vida? Se tudo fosse movido ao acaso e para o acaso se destinasse, não haveria necessidade de nos organizarmos socialmente, de nos amarmos e nos respeitarmos, já que para o NADA nos destinaríamos. Então como afastar a relevância de que uma força maior nos move e nos conduz para o caminho do desenvolvimento? Do respeito e amor ao próximo? Da valorização da vida, seja ela como for? Uma flor não está presente todos os dias do ano, ela tem o seu tempo certo de viver. Vive pouco, o suficiente para nos encantar e o bastante para aquilo que ela precisa, mas por egoísmo, retiramo-as do seu meio, arrancando-a à força do que a mantém viva e ela não vive mais que algumas horas. Será que por sabermos que ela não possui inteligência nem forma de se manter independente e, muito menos que viverá tão pouco tempo, deveríamos antecipar sempre a sua vida? Deveríamos retirá-la do meio que a mantém viva?
Não há atitudes sem consequências e, acredito que nem todos estejam fazendo a distinção das reações futuras desta decisão tomada agora.
Faço aqui, a minha humilde prece:
Senhor, desejo que mesmo diante daqueles que se afastam da religião e se negam a admitir a existência da inteligência suprema, que ela se faça presente em todos os corações, nos dando a força necessária para suportar as nossas provas, a humildade de amar o próximo e a vida, acalentando os corações aflitos e aquecendo a frieza dos que nada temem. Que o bom-senso esteja sempre presente no nosso livre-arbítrio.
Mulheres, somos seres privilegiados por carregarmos a vida dentro de nós. Não nos esqueçamos a responsabilidade que o Pai nos confiou de amar incondicionalmente o ser que carregamos, acima do nosso próprio bem-estar. Não existe fardo tão pesado que não possamos carregar. Que a misericórdia se faça sempre presente e possamos ser perdoadas por atitudes induzidas pela ausência de orientação. E que, não nos esqueçamos da voz da consciência que sempre nos instrui para o caminho certo, nos livrando do desespero e da fraqueza de nossas falhas.

Assim seja!

Um comentário:

alana .m. disse...

belas e sábias palavras sarinha!