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quarta-feira, 11 de maio de 2011

Sim, isso também me afeta!


Às vezes eu queria ter o dom de dizer as palavras certas, na hora certa para as pessoas que estão precisando, mesmo que elas não peçam. Mas elas acabam sendo ditas apenas em pensamento, seja por uma falta de abertura ou pelo fato de que se forem ditas, podem não sair da forma como foram pensadas. Eu não sei se isso acontece com vocês, mas comigo, por exemplo, a fala distorce a maneira como a ideia foi concebida e termina não expressando da maneira correta o pensamento. Talvez por isso eu me identifique com a escrita - esta escrita moderna, com um teclado na minha frente e um blog à disposição - porque meus dedos obedecem à minha linha de raciocínio exatamente como fora concebida, sem empecilhos de ambientes ou das emoções refletidas em uma voz embargada.

[...]

Me remonto à época em que era criança, em que família significava feriados reunidos, tios e pais conversando e curtindo suas próprias companhias e os primos brincando de todas as brincadeiras que podíamos imaginar. Meus primos eram meus amigos dos fins de semana, férias e feriados, com quem eu poderia viajar e sempre seriam minhas companhias em reuniões familiares, sem ter obrigações escolares envolvendo nossas relações. Nós dormíamos juntos, tomávamos banho juntos e brincávamos juntos. Meus tios traziam presentes nos aniversários, me abraçavam e não tinham inibições de demonstrações de afeto e a minha família era unida e feliz. Ao menos na minha fantasia infantil, tudo era perfeito.
Mas com o passar do tempo, meus primos já não me viam com tanta freqüência e meus tios já não compareciam nos meus aniversários. Nós não viajávamos mais juntos e quanto mais eu amadurecia mais aquela antiga convivência e ideia de família unida e feliz se distanciava. Antes as palavras de admiração e companhia desfrutada, se tornavam em ofensas e brigas familiares. Eu ainda era uma criança amadurecendo quando tive que conviver com os desentendimentos e a mudança brusca da minha realidade até então conhecida. Por que me castigavam com a ausência dos meus tão queridos primos? E por que meus tios já não me passavam aquele carinho da época que eu era mais nova? Agora falavam de maneira sem graça, com abraços vazios, esperando que eu não notasse a indiferença que ali pairava. Sempre me perguntei o porquê de não ter o afeto de todos, sabendo que eles tinham com outros primos e o porquê deles se privarem da minha companhia, sem ao menos me conhecer direito e saber a adulta que estava me tornando. Por que não me deram a oportunidade de mostrar que eu faço parte da família e sou diretamente afetadas por suas (in)decisões?
Hoje, tenho a maturidade para entender tanta coisa que se passou e ainda se passa e sinto pena, do quanto se perdeu e ainda é perdido no tempo. Das relações desperdiçadas e dos julgamentos superficiais de uma realidade tão complexa. Lamento as ideias que se formaram, das interpretações tão distanciadas do sentido original das ações. Lamento o amor sendo perdido em meio a coisas sem importância real. E lamento, principalmente, uma existência familiar que deveria ter sido vivida e foi deixada de lado pelas intrigas.
Mas como tudo serve de aprendizado para o nosso crescimento, compreendo certas atitudes antes incompreendidas e admiro a consistência dos meus pais e os valores que aprendi na minha jornada de amadurecimento. Essa minha família - pai, mãe e irmã - pode contar com minha compreensão e amor para toda a vida. Agradeço todos os dias a oportunidade de convívio diário com pessoas tão maravilhosas e aprendo com seus gestos tudo o que há de bom.

Que bom que meus instrumentos de comunicação me servem tão bem quando preciso externar tudo o que sinto!

Um comentário:

alana m. disse...

gostei do post Sarinha! Saudadesssssssss!